Se cair, do chão não passa

~ ~

Não é sobre um coração partido que vou escrever. Até porque ele é o que anda se recuperando mais rápido na minha vida, de tanto levar porrada aprendeu que não adiantar ficar choramingando. O problema foi de uma queda. Literalmente. Uma queda livre de cima de um ônibus direto para o meio-fio.

Ontem, minha segunda não poderia ter sido melhor. Depois de conhecer uma pessoa especial e passar um dia produtivo de trabalho fui para minha aula rotineira de toda segunda. O caminho de ida e volta foi brilhantemente mais agradável por conta da companhia dessa pessoa especial ao telefone comigo me fazendo rir de coisas simples. Porém, antes de chegar em casa a noite terminou com lágrimas.

Vinha dentro do ônibus sorridente falando com um amigo ao celular e avisei que ia saltar do veículo. Pedi para ele aguardar uns minutos enquanto me apoiava para descer os degraus (eram aqueles micro-ônibus onde a porta traseira é de cadeirantes, larga que só ela e sem apoio para a descida dos não-cadeirantes). Nesse instante o motorista pisa bruscamente nos freios e abre a porta traseira. Os ônibus do Rio andam dando um tranco logo após a freada. Mal o ônibus para e eles parecem que ainda estão em movimento.



Nesse momento, em que o ônibus parou, apoiei minha mão esquerda sobre aquela torre que sobre as cadeiras de rodas e levantei o pé direito para posicioná-lo no primeiro degrau de descida. Foi nesse instante que o ônibus fez um tranco, como se um ar comprimido ficasse preso e quisesse soltar. Vamos em colocar em linguagem chula: o ônibus dá um peido, literal. Atrás de mim havia uma senhora que tinha cinco vezes o meu tamanho (isso mesmo, relativo ao peso, e olha que eu estou nos três dígitos). Com o tranco, ela que vinha já caindo sobre as pessoas no ônibus, perdeu o equilíbrio e todo seu peso veio sobre mim e automaticamente eu fui jogada para fora do ônibus.

Com o impulsionar do tranco a senhora gorda (sim, posso falar porque eu também sou) trombou em mim e caiu para trás me jogando em alta velocidade em cima do meio-fio na rua. Passageiros e o motorista correram para me socorrer. Minha bolsa foi para de um lado, meu celular que estava no bolso no outro e todo mundo me puxando e gritando ao mesmo tempo. Um colega que estava comigo ao telefone aguardando eu descer para continuar a conversa, ouvia à distância todos gritando sem saber o que tinha acontecido, confessou depois pra mim que pensou que eu tinha sido atropelada.

No puxa-puxa de pernas, cabeça, braços, comecei a ficar incomodada. Desculpe, mas é verdade, gente demais nessa hora tentando ajudar só atrapalha. Os passageiros no ônibus gritavam pra chamar polícia, bombeiro etc e eu só queria tentar levantar e avisar ao meu colega que eu estava bem. Como eu moro quase em frente ao ponto, me recusei ir com o motorista pro hospital público, já que sabia que ia ser levada pro açougue do Salgado Filho, pensei na mesma hora: "Nem pensar!". Alguns passageiros me ajudaram a levantar e me conduziram até o portão de casa. Já cheguei lá sem fôlego. A dor era insuportável abaixo do seio esquerdo.


Minha mãe tentou me amparar para me levar para dentro, mas cada passo o ar sumia. Minhas primas e a mãe dela ouviram meu chora e correram para saber o que acontecia. Gritaram pelo meu tio que pegou o carro e minha mãe pegou a bolsa dela e trocou de roupa me levando para a emergência. Primeiramente fomos para o hospital Nortecor, no Engenho de Dentro, porém, apesar dele constar como emergência no orientador médico da Dix, eles só atendem pacientes “Dix200” três vezes por semana e só até a meia noite. Absurdo!

Nos dirigimos correndo para o Hospital Pasteur, no Méier, já que ele é um hospital próprio da rede Amil e o Dix é o primo pobre dela. Enquanto eu aguardava na recepção para ser atendida a dor e a falta de ar era tão intensa que simplesmente apaguei. Não lembro do que houve, só lembro de acordar sentada em uma cadeira de rodas falando com o cirurgião geral de plantão do hospital, Dr. Carlos.

Ele, junto com a enfermeira, me ajudou a sair da cadeira e ir pra cama para ser examinada. Solicitou radiografias do tórax que confirmaram uma micro fratura na quinta costela do lado esquerdo. Passou um analgésico forte e disse que não posso fazer mais nada além de aguardar a calcificação natural que pode durar até duas semanas. Falou que as dores mais agudas serão nas primeiras 48h, pois é quando o hematoma da pancada ainda está inchado e dolorido, depois é normal a dor ir cessando até se extinguir completamente.

Só quando estava esperando o receituário dele com o medicamento que percebi que além da costela fraturada ainda bati com o dedo médio direito no chão a ponto de levantar a unha da pele e estava sangrando. O braço esquerdo estava com uma faixa de ralado do asfalto e um inchaço ovalado na região do pulso (ah! De brinde ainda ganhei a quebra do meu relógio de pulso predileto ¬¬). Resultado: Tô fudida! (sorry)

Sentar dói, andar dói, deitar dói, respirar dói. Quando eu penso que tudo tá indo bem, vem alguma coisa e, pum, me dá porrada. Isso tudo para me mostrar que a vida não é feita só de sorrisos, que nada no mundo cai do céu, tem que ser conquistado diariamente e acima de tudo, as adversidades vem para nos mostrar quem são nossos verdadeiros amigos.

Apesar de toda dor e falta de sono por conta dela de ontem para hoje, não estou triste, não estou infeliz. Isso porque ontem aprendi com esse colega que a verdadeira felicidade é a compartilhada. Mesmo os nossos problemas e tristezas quando são divididos com outrem, nos aliviam o peso transformando aquele momento relaxamento, prazer e alegria. E justo aí que percebemos que ter pessoais especiais na sua vida vale mais do que qualquer outra coisa. Amigos de verdade são aqueles que estão ao seu lado quando você rir e quando você chora. E encontrar pessoas verdadeiramente especiais que irão querer compartilhar a felicidade dela conosco é algo raro, mas quando encontramos, acredite, é algo que vale a pena lutar para mantê-las ao nosso lado.

Boa semana! E vamos que vamos! Com dor ou sem dor, não vou parar! Não vou deixar um pequeno contratempo me tirar do rumo dos meus sonhos...




Inscreva-se para receber atualizações!




Compartilhe esse Post!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia as regras:
Os comentários deste blog são moderados.
Use sua conta do Google ou OpenID.

Não serão aprovados comentários:
* com ofensas, palavrões ou ameaças;
* que não sejam relacionados ao tema do post
* com pedidos de parceria;
* com excesso de miguxês CAIXA ALTA, mimimis ou erros grosseiros de ortografia;
* sem e-mails para resposta ou perfis desbloqueados;
* citar nome de terceiros em relação à apologias, crimes ou afirmações parecidas;
* com SPAM ou propaganda de blogs.

Importante:
* Diferença de opinião? Me envie um e-mail e vamos conversar educadamente.
* Parceria somente por e-mail.
* Dúvidas? consulte o Google!

Obrigada por sua visita e comentário. Volte sempre!
OBS: Os comentários dos leitores não refletem as opiniões do blog e de sua autora.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Este blog possui atualmente:
Comentários em Artigos!
Widget UsuárioCompulsivo
Return to top of page
Powered By Blogger | Design by Genesis Awesome | Blogger Template by Lord HTML