Castelo de cartas ao chão...

Eu sei, estou sumida. A vida não está fácil para ninguém. Não adianta eu aparecer aqui lamentando que meus problemas são os piores do mundo, pois sei que existem pessoas em situação bem pior que a minha. Mas sabe quando sua vida literalmente parece um castelo de carta desmoronando em câmera lenta? É assim que me senti nos dois primeiros meses de 2012.

É impressionante quando tudo parece estar indo bem e de repente tudo começa a sair do ritmo e quando percebemos já perdemos o total controle de tudo. Foi justamente assim que me senti nesse comecinho de ano. Quando tudo parecia fazer sentido e a vida parecia começar a entrar no eixo tive a sensação de que alguém veio e puxou a carta-base do meu castelo e tudo começou a desmontar, só que em cenas letárgicas.

Me senti literalmente vivendo cenas de slow-motion. É horrível essa sensação que temos de sermos apenas coadjuvantes de nossa própria história. Você fica ali observando tudo saindo dos trilhos e cada vez que tentar consertar uma coisa outra acaba dando errado.

Fiquei longe de muita coisa que me dava prazer, uma dessas coisas eram meus blogs. Além, claro, da falta de tempo por conta da resolução dos problemas ainda lutei contra uma das maiores ondas de falta de inspiração que já tive. Era como se eu simplesmente quisesse jogar tudo pro alto, não só os blogs, mas carreira escolhida, sonhos profissionais etc. Tudo isso em troca de voltar a uma rotina da qual nunca gostei, mas que pelo menos me daria uma estabilidade financeira e ocuparia minha mente para esquecer os outros contratempos.

Confesso que peguei várias vezes o notebook para começar a escrever os textos, mas as palavras não saiam. Me senti completamente bloqueada. Dessa vez o bloqueio foi tamanho que nem me reconheci. Tentei de todas as formas retomar à escrita, afinal ela sempre foi meu ponto de fuga, mas nada me dava ânimo. Passei a restringir o ato de escrever para as obrigações, deixando os blogs e meu livro, que são meus prazeres, de lado.

Mas cá estou eu. Novamente de pé. Mesmo com o castelo de cartas totalmente destruído consegui arrumar fôlego para recolher as cartas espalhadas pelo chão e tentar recomeçar a montagem. Sei que será difícil, afinal não é fácil recomeçar, mas sei que poderei contar com amigos especiais durante esse período.

Aos poucos estou retomando as rédeas da minha vida. As decisões que tive que tomar nesse período, muitas delas, foram dolorosas. E algumas dessas dores sei que não irão passar nunca. Mas como toda ação tomada na vida adulta, terei que aprender a viver com as consequências das decisões que tomei. Sei que ainda irei ficar um bom tempo com esse aperto no peito, mas também sei, que como no passado, essa também irá passar.

Agora é hora de tirar o pó da mesa da vida e começar a montar a base do meu novo castelo e começar novamente a equilibrar as cartas de minhas decisões, sonhos e desejos, e acima de tudo, fazer o possível para manter tudo em perfeito equilíbrio. Sei que é difícil manter todas elas sempre em linha reta. Irão balançar muitas vezes, mas o importante é continuar reconstruindo.

Tentando me recompor e seguir em frente. Na vida familiar continuar a luta para que a saúde do meu pai se reestabeleça, na profissional tentar encontrar o rumo certo a seguir, na pessoal refazer o contato com os verdadeiros amigos e voltar a viver uma vida ativa, em relação à saúde, voltar a fazer atividades físicas e manter o corpo e a mente sã, e por fim em relação ao coração, catar os cacos do chão, passar superbonder nas rachaduras e esperar que a próxima pessoa a tocá-lo não se incomode com as cicatrizes.

Vamos que vamos...