Como me apaixonei por um Pseudolálico

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Todos devem estar desesperados tentando descobrir que diabos é um Pseudolálico. Pois bem, vou começar logo explicando o que a doença Pseudolalia nada mais é que uma mentira compulsiva resultante dum longo vício de mentir, ou seja, um Pseudolálico nada mais é que um mentiroso patológico. Explicado a enfermidade vamos aos fatos do acontecimento.

Sim! Eu me apaixonei por uma pessoa que é pseudolálica. O engraçado é que a pessoa que sofre desse mal não sabe que a tem e fica cada dia mais a convivência com ela. Eles mentem por mentir e perdem completamente a noção do que é verdade ou não. São pessoas que estão convencidas de que suas mentiras são realmente a mais pura verdade e ai daquele que vá contra usa opinião.

Com isso muitos são magoados ao cruzarem seu caminho, pois o pseudolálico não consegue consegue sentir culpa, já que acreditam piamente que estão contando a mais pura verdade. Essa doença gera um grave distúrbio de personalidade em quem a tem e faz com que o indivíduo perca totalmente a sua individualização, pois vive em um mundo imaginário onde mentir é um ato inconsciente e ele o faz quando menos espera, principalmente quando se sente acuado, estressado ou cobrado em demasia. Ele simplesmente foge do mundo real como se desse modo ele pudesse evitar os problemas que nele existe.

Mas como é que eu, logo eu, fui me apaixonar por uma pessoa assim? Muitas pessoas me perguntaram isso. Primeiro já começo dizendo que a pessoa não sabe que tem essa patologia, ou seja, não é como se ele tivesse um problema físico e falasse 'olha eu não tenho um braço, uma perna etc', então não teria como descobrir só de olhar para ela. Depois os pseudolálicos são envolventes, pois se aproveitam de nossas necessidades e sentimentos para criarem em cima dessas a verdade que ele acha que será necessária para nós. Com isso te envolvem, te seduzem, te conquistam e quando você descobre está vivendo em um mundo de perigoso de mentiras.


Perigoso sim, e como. Como eles perdem completamente a noção do que acontece em volta dele no mundo real, faz com que você passe a viver no mundo fantasioso deles como se fosse uma verdade. E alguns, como essa pessoa que conheci, criam mundos que deixariam Bruce Williams, em Duro de Matar, com inveja. Ele pegou os meus sonhos, desejos e apreensões e percebeu que ali poderia criar um mundo de segurança, proteção e realização que eu não tinha conseguido até agora. Como eu já o conhecia há alguns anos, nunca imaginei que essa pessoa era assim, afinal, não vivia o dia a dia ao lado dela.

Eu já conhecia ele há algum tempo quando o reencontrei andado pela rua quando seguia para um compromisso. Conversamos um pouco, nos aproximamos, mas eu estava indo em frente já que, por mais charmoso que ele fosse, naquele momento eu não estava procurando nenhum tipo de relacionamento. Ele percebeu no ar que iria perder a chance e é justamente em situações como essas que o pseudolálico começa a criar seu mundo fantasioso. Ou seja, ele começou a criar um mundo de fantasia exclusivamente para mim. Foi comigo até o local onde eu ia, me levou até em casa e foi criando o clima pelo meio do caminho.

Ele teve o cuidado de 'cuidar' de cada detalhe: ligar, procurar, surpreender, presentear, encantar e conquistar. Resumindo em apenas uma semana estávamos namorando. Tudo parecia maravilhoso e perfeito. As conversas, os sonhos, os desejos eram sempre compatíveis. Queríamos ficar juntos por quanto tempo fosse necessário, queríamos filhos, queríamos uma vida juntos. E quando fui perceber já estava gostando dele. Até que as mentiras começaram a surgir como bolas de neves sem controle descendo morro abaixo.

Por um deslize dele com uma das amantes (como eu as chamava na época), eu fiquei sabendo e minha antena de repórter investigativa se ligou. Depois de confrontá-lo tudo começou a desmoronar. Ele claro, negando tudo seriamente e ainda se sentia ofendido quando eu duvidava e tentava de tudo para reverter o quadro para mim, como se eu se tivesse culpa por tudo aquilo. Mas eu não deixei me envolver e continuei buscando a verdade por trás de toda a história maluca dele.

Ele inventava que vivia num mundo cheio de perigos e que tinham pessoas perseguindo ele querendo matá-lo etc. Acredite, simulou o próprio sequestro e ainda fez ameaças de morto a mim e minha família, enquanto viajava com outra mulher (que não é a que citei anteriormente, já era outra – nesse momento ele já criava mundos diferentes para 3 mulheres diferentes ao mesmo tempo). Chegou a aparecer na minha casa com o corpo machucado para ter certeza de que eu acreditaria nele. Mas já era tarde, por mais que meu coração o quisesse, minha razão sabia que tudo aquilo era fruto de uma mente doente.


Depois de terminar o relacionamento muito magoada segui em frente com minha vida. Até que a poucos dias fui procurada por aquela suposta primeira amante. Ela, veio até a mim por e-mail porque ele estava tentando voltar com ela (e a mesma também já tinha descoberto as mentiras) e ela suspeitou. Daí eu e ela fomos de encontro com a suposta segunda amante e resolvemos conversar e juntar nossas histórias. O que eu imaginava era bem menos do que estava ocorrendo. A realidade era 100 vezes pior do que minha cabeça podia suportar.

Para uma delas ele inventou que ele estava comigo porque eu 'supostamente' teria assassinado uma 'suposta filha' que ele teve com um ex-namorada dele anos e ano atrás. Para a outra ele dizia que eu era uma lunática que vivia perseguindo ele e ameaçando ele com o 'golpe da barriga' e queria me 'aproveitar dele'. Para mim ele primeiramente dizia que era fruto da minha imaginação ele estar com elas, quando não pode mais negar dizia que uma era sobrinha de um 'suposto bandido' que tinha assassinado o 'suposto irmão' dele e que a outra era irmã do 'suposto homem que mandou supostamente sequestrá-lo', ou seja. Todas nós vivíamos vidas 'supostamente reais'.

Para completar elas sempre souberam de mim e eu nunca soube delas até descobrir e terminar com ele. Mas ele usava de argumentos mentirosos sobre mim para que assim elas pudessem acreditar que ele estava sozinho e tinha terminado comigo. Ele deve ser um zumbi, pois vinha para minha casa, saía pela manhã ia direto para a casa de outra e depois para a da terceira. Com isso chegava no trabalho morto de sono e dormia durante o horário de expediente. Foi transferido várias vezes dentro da empresa e ainda contava para a gente que era porque os 'colegas de trabalho tinham inveja dele e inventam mentiras sobre ele'. Ou seja, ele já não tinha noção do que era verdade ou mentira.

Seguimos nossas vidas e hoje estamos bem ao lado de outras pessoas e vivendo como deveríamos ter vivido antes de conhecê-lo. Conforme fomos conversando fomos descobrindo cada vez mais coisas absurdas sobre ele e histórias de chocar até Hitchcock. De mortos descabidas, perseguições, doenças contagiosas, assassinatos e juras de amor, a vida dele é um emaranhado de mentiras onde nem ele mesmo sabe hoje onde começa o que é verdade e onde termina o que é imaginário.

Fiquei confusa em relação à doença quando descobri conversando com uma psicóloga amiga minha. Com isso enviei algumas dúvidas para uma psiquiatra e estou aguardando as respostas para depois até publicá-las aqui. Porque fico me perguntando: será que a mãe dele nunca percebeu que o filho dela era diferente? Tudo bem que todos mentem, crianças mente, mas existe um limite para as mentiras. Nenhum amigo próximo dele nunca deu um toque de que tinha algo de errado com ele? Existe uma cura para essa doença? Não sei responder... Essas dúvidas ainda ficarão em aberto em minha mente, mas uma coisa eu sei, hoje já sei identificar um mentiroso patológico.

Portanto amigas, quando aquele homem que você acha ter saído das telas do cinema aparecer na sua porta e começar a realizar seus sonhos, que sempre será um duro e fará carinha de coitado para conseguir o que quer... Saia correndo para as montanhas e fique o mais longe possível dessa criatura!





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Um comentário:

  1. Orgulhosamente programei uma 'chamada' para este ótimo artigo no novo site dos Blogueiros do Brasil. O post será publicado dia 20/09 às 15:00 hs.


    Abraços cordiais.

    ResponderExcluir

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