O que fazer enquanto o amor não vem?

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Tenho um livro muitos anos, que comprei nem sei porque. Acho que foi justamente numa fase meio down com o fim de um relacionamento e queria, ou melhor, precisava saber que existiam outras pessoas que sofreram ou sofriam tão quanto eu. O livro, escrito por Iyanla Vanzant, se chama 'Enquanto o Amor não vem', e fala da busca por si próprio antes de pensar em dividir você com outro alguém.

Levei mais de 20 anos para perceber que o amor é, como diz no livro, uma experiência exclusivamente pessoal e que não é necessariamente vivido ao lado de outra pessoa, na maior parte das vezes sempre esteve com você, só não foi percebido. Eu estou naquela fase do 'queria acreditar no amor', no amor romântico, no romance, no encontrar uma pessoa especial... Mas deixei essa fase de buscas largada na estrada muito tempo atrás.

Eu decidi que o amor não me machucaria mais. Coloquei na cabeça que nenhum outro homem faria comigo o que outros homens fizeram, inclusive, meu pai à minha mãe. Mas comecei a perceber que eu na verdade não reconhecia o que era o amor e aquilo que eu pensei que tinha sentido na verdade era uma etapa necessária para meu autoconhecimento, aprendi isso, porque aprendi e aceitei que o amor verdadeiro não dói, não machuca. O que machuca são as paixões, os desejos...

Ser amado e amar é muito além do que ter suas necessidades e carências preenchidas. É saber se soltar dos medos, curar feridas, tomar decisões e não julgar os acontecimentos no momento de raiva e ressentimento. Amar é ficar quietinha, no canto, com você mesma. É aprender a ouvir seu interior e aprender a ouvir realmente o que você quer para você mesmo.


No começo do livro da Iyanla ela fala sobre o momento da espera, do 'aguardar'... Do que fazer enquanto o amor não vem ao nosso encontro. Porque amar e ser amado de verdade não é algo que se corre atrás, que se busca, que se conquista como se fossem terras a serem desbravadas, mas sim algo inesperado que simplesmente chega, que cai de surpresa no seu colo, sem pedidos, sem convites e transforma toda sua vida em volta.

'O que fazer enquanto o amor não vem? Em algum lugar no fundo de sua mente você sabe e espera que chegue o dia em que o relacionamento que você tem agora se torne o grande amor que você sempre esperou. Ou que, um dia, apareça alguém que preencha seu desejo de amor. Porém, a pergunta permanece: o que você vai fazer nesse meio-tempo? O amor é uma coisa engraçada. Ele nos encontra nas circunstâncias mais incomuns, no momento mais improvável. O amor cai de surpresa em cima de você, joga os braços em sua volta e transforma toda a sua existência. Infelizmente, a maioria de nós não reconhece a experiência ou entende o impacto quando está acontecendo. Talvez porque o amor raramente surja nos lugares em que esperamos ou tenha a aparência que imaginamos.'
Trecho do livro, "Enquanto o Amor não vem" – Iyanla Vanzant

A maior parte de nós, inclusive eu, confesso, achamos que já amamos na vida e que o amor só aparece uma única vez. Fomos machucados, magoados, pisados e nos fechamos para qualquer outro sentimento de qualquer outra pessoa que surja depois disso. Viramos meio que uma pedra, sem sentimentos, só ali estática seguindo em sua função de apenas existir. É sempre assim, corremos tanto atrás do amor e quando achamos que encontramos não é nada parecido com aquilo que pensávamos e nos sentimos perdidos, frustrados, iludidos. E pior, desapontados.

Começamos a achar que a culpa é nossa. Que fizemos algo de errado em algum momento. Aí, sofremos, choramos, perdemos. Começamos a argumentar porque aquela pessoa que viveu momentos maravilhosos, risadas gostosas, histórias engraçadas, momentos dolorosos ao seu lado não podia te amar. Na mesma hora começamos a tentar achar os motivos desses 'nãos' em nós mesmos. E nos culpamos. E sofremos, choramos. E, infelizmente, a maior parte de nós, acaba se fechando para qualquer outro sentimento que vir após esse.

Qualquer acontecimento em nossa vida, por menos e mais particular que seja, tem relação direta com tudo o que somos hoje e como vivemos. Se um dia um alguém nos fez chorar, querendo ou não, achamos que todas as outras pessoas farão o mesmo. Se algum dia te trataram somente como objeto, você mesmo começa a se comportar como tal. Se um dia pararmos para analisar tudo o que vivemos percebemos que nada melhor para aprender sobre nós mesmos do que olhar para os relacionamentos passados e aprender com os erros quem somos e o que realmente fazemos.


Ninguém é perfeito. Nem eu. Juntei muito bagunça de relacionamentos passados que atrapalharam, e continuam atrapalhando, qualquer outro futuro relacionamento que eu possa ter. A bagunça é enorme e a necessidade de uma grande faxina também. Nosso coração não consegue reconhecer o amor se está cheio de dúvidas, desconfianças e ressentimentos. Precisamos limpar as mágoas do passado para que ele fique pronto para receber qualquer sentimento no futuro.

Se paramos para pensar nossa forma de educação, principalmente para nós mulheres, foi mais uma adestração social. Nos ensinaram que deveríamos nascer, crescer, estudar, trabalhar e encontrar o grande amor da sua vida. E passamos a vida inteira buscando esses ideais. Tentando ser os filhos perfeitos que todos os pais queriam ter. Quando estamos triste, sorrimos para não preocupar os outros. Quando estamos alegres, evitamos demonstrações excessivas para não atrair invejosos. E nisso vamos vivendo um mundo de medo e mentiras que nós mesmo criamos para nossa vida.

Nós passamos a vida inteira querendo amor e aceitação das pessoas que somos capazes de fazer qualquer coisa. Inclusive não nos respeitar. Você encontra aquele alguém especial e seus alarmes internos te mostram que ela não é a certa, mesmo assim você insiste só por medo da solidão. Aceitamos o pouco que nos é dado, porque acabamos achando que não merecemos o muito. Confundimos gentileza e amizade com amor romântico. Ficamos num relacionamento por teimosia, tentando resolver problemas que nunca serão resolvidos, mesmo estando infelizes, só porque nos 'ensinaram' assim.

'Não pedimos o que queríamos e aceitamos o que nos foi oferecido apesar de estarmos absolutamente consciente de que não chegava nem perto do que havíamos imaginado.'
Trecho do livro, "Enquanto o Amor não vem".

Limpar seu coração para o amor pode entrar é um trabalho sujo, chato e doloroso, mas você tem que fazê-lo. Ninguém, nenhuma outra pessoa pode realizar uma coisa que cabe a você eliminar de sua vida. Talvez seja realmente um trabalho sujo nos livras de nossas tralhas amorosas, mas é algo que todos nós teremos que fazer um dia, mais cedo ou mais tarde.


Como todos falam, e é verdade, não existe uma fórmula mágica ou uma forma fácil de encontrar o amor. O meio-tempo e seus relacionamentos ajudam a trabalhar nossas falsas ideias, as percepções deformadas, os medos e críticas do amor. Sim, o tal do 'meio-tempo' muitas vezes parece que vai durar para sempre, o tempo todo vivemos frustrados e nos perguntando os porquês. Não conseguimos encontrar a pessoa certa. Não conseguimos ser a pessoa certa. Mas é justamente para isso que o 'meio-tempo' serve, para aprendermos, cairmos, levantarmos e juntar forças e experiências para que possamos avaliar tudo o que acontece conosco.

Não sei se um dia conseguirei limpar toda minha bagunça amorosa. Mas continuo nessa eterna faxina tentando aprender um pouco mais sobre mim mesma, sobre o que eu quero de mim e de minha vida. Aceitar meus erros e acertos e tentar melhorar sempre que puder. Quem sabe nesse 'meio-tempo' o amor decida que é minha hora e resolver cruzar meu caminho. Até lá, vou continuando com minha faxina...





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4 comentários:

  1. ola tudo bem

    eu agurdo pelo meu amor mas nestas alturas ja me dei por conta que sou muito exigente e acabo afastando de mim

    abraços !!

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  2. Oi, Ana!
    Adorei seu post...
    Também andei pensando nisso nos últimos tempos.
    Às vezes, por medo de ficarmos sozinhas, acabamos aceitando menos do que merecemos.
    Agora eu dei um tempo, vou ficar solteira, tentar me conhecer e ver o que realmente quero para mim.
    Estou nesse intervalo, tentando fazer a tal faxina!
    Também espero conseguir um dia, hehe
    Beijinhos

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  3. mt interessante! *-*

    Realmente, é tudo uma questão de reavaliação de conceitos e definições, talvez até deturpadas, que nós mesmos usamos ou criamos devido ao que nos acontece no decorrer da vida. E como sempre, o tempo é a chave pra que encontremos nossas próprias respostas ou percebamos que fizemos as perguntas erradas.

    . by Jeziel Lopes
    http://dedosemente.blogspot.com

    você escreve muito bem! sucesso! :D

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  4. É o que realmente ando sentindo......preciso fazer uma faxina....e simplismente era tudo que precisava ouvir....ameiiiiiiiiiiiii

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