A Mulher-elástico

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A MULHER-ELÁSTICO
Maria Helena Fernandes

Em uma tarde de domingo envolta em uma fina garoa paulistana, sou despertada do sonho dos meus pensamentos longínquos por uma solicitação dos meus filhos. Eles me pedem para levá-los ao cinema – querem assistir ao filme da Disney - Os incríveis.

Sou arrastada pelo entusiasmo deles a permanecer numa longa fila, na companhia barulhenta de uma infinidade de pais, avós e crianças que se acotovelam na entrada da sala do cinema na tentativa de conseguir um bom lugar. Pipoca, coca-cola e chocolate! Enfim, bem instalados nas poltronas, esperamos o filme começar.

Vou aos poucos sendo novamente transportada para os meus pensamentos longínquos pela fineza do filme. A imagem do cotidiano de uma vida familiar se desenha na tela. Uma vida cheia de encantos e desencantos, como todas as outras. Tarefas, alegrias e tristezas, limites e frustrações, lamentos e questionamentos são experimentados pelos personagens: um casal de ex-super-heróis e seus filhos que, impedidos de exercerem seus poderes, são obrigados a levar uma vida "normal".

Compõem a família o Sr. Incrível, cujo poder está na força; a Sra. Incrível que se transforma na mulher-elástico; a filha mais velha, uma garota de uns 12 anos, magrinha e tímida, que pode se tornar invisível; o filho do meio, falante e ágil, cujo poder é correr a uma velocidade enorme; e um bebê, engraçadinho e comilão, que, de início, parecia ser o único a não ter nenhum poder de super-herói.

Vou me dando conta da fineza da escolha dos poderes dos personagens, à medida que me vejo facilmente interessada pela figura da mulher-elástico. Percebo ainda, na reação dos meus filhos, que eles também vão se interessando, aqui e ali, pelas características dos personagens, identificando semelhanças e diferenças entre estes e eles próprios. Não demora muito para trocarmos uns olhares de cumplicidade e umas risadinhas diante de algumas cenas que evocam algo muito conhecido para nós.

Saímos do cinema discutindo animadamente o filme, uma discussão que acompanhou a semana, evocando sempre, em mim e nas crianças, algum detalhe esquecido, alguma associação nova. Não preciso dizer que a partir daí a imagem da mulher-elástico não me abandonou mais. Que excelente representação para a mulher na pós-modernidade! Sou assim mais uma vez transportada aos meus pensamentos longínquos e vou ao encontro da psicanálise, em busca de um instrumental para continuar pensando na mulher-elástico...

Para ler o texto na íntegra entre aqui.


Esse texto eu li no blog da Regina Volpato. Entrei lá, como entro todas as semanas nos blogs de quem admiro e me deparei com esse texto interessante e verdadeiro. Vale a pena ler por inteiro.


Maria Helena Fernandes: Psicanalista, Doutora em Psicanálise e Psicopatologia pela Universidade de Paris VII, com pós-doutoramento pelo Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, professora do Curso de Psicossomática do Instituto Sedes Sapientiae e autora dos livros L'hypocondrie du rêve et le silence des organes: une clinique psychanalytique du somatique (Villeneuve d’Ascq: Presses Universitaires du Septentrion, 1999), Corpo (Coleção "Clínica Psicanalítica". São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003) e Transtornos Alimentares: anorexia e bulimia (Coleção "Clínica Psicanalítica". São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006).



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