A MULHER-ELÁSTICO
Maria Helena Fernandes
Maria Helena Fernandes

Sou arrastada pelo entusiasmo deles a permanecer numa longa fila, na companhia barulhenta de uma infinidade de pais, avós e crianças que se acotovelam na entrada da sala do cinema na tentativa de conseguir um bom lugar. Pipoca, coca-cola e chocolate! Enfim, bem instalados nas poltronas, esperamos o filme começar.
Vou aos poucos sendo novamente transportada para os meus pensamentos longínquos pela fineza do filme. A imagem do cotidiano de uma vida familiar se desenha na tela. Uma vida cheia de encantos e desencantos, como todas as outras. Tarefas, alegrias e tristezas, limites e frustrações, lamentos e questionamentos são experimentados pelos personagens: um casal de ex-super-heróis e seus filhos que, impedidos de exercerem seus poderes, são obrigados a levar uma vida "normal".
Compõem a família o Sr. Incrível, cujo poder está na força; a Sra. Incrível que se transforma na mulher-elástico; a filha mais velha, uma garota de uns 12 anos, magrinha e tímida, que pode se tornar invisível; o filho do meio, falante e ágil, cujo poder é correr a uma velocidade enorme; e um bebê, engraçadinho e comilão, que, de início, parecia ser o único a não ter nenhum poder de super-herói.
Vou me dando conta da fineza da escolha dos poderes dos personagens, à medida que me vejo facilmente interessada pela figura da mulher-elástico. Percebo ainda, na reação dos meus filhos, que eles também vão se interessando, aqui e ali, pelas características dos personagens, identificando semelhanças e diferenças entre estes e eles próprios. Não demora muito para trocarmos uns olhares de cumplicidade e umas risadinhas diante de algumas cenas que evocam algo muito conhecido para nós.
Saímos do cinema discutindo animadamente o filme, uma discussão que acompanhou a semana, evocando sempre, em mim e nas crianças, algum detalhe esquecido, alguma associação nova. Não preciso dizer que a partir daí a imagem da mulher-elástico não me abandonou mais. Que excelente representação para a mulher na pós-modernidade! Sou assim mais uma vez transportada aos meus pensamentos longínquos e vou ao encontro da psicanálise, em busca de um instrumental para continuar pensando na mulher-elástico...
Para ler o texto na íntegra entre aqui.
Esse texto eu li no blog da Regina Volpato. Entrei lá, como entro todas as semanas nos blogs de quem admiro e me deparei com esse texto interessante e verdadeiro. Vale a pena ler por inteiro.
Maria Helena Fernandes: Psicanalista, Doutora em Psicanálise e Psicopatologia pela Universidade de Paris VII, com pós-doutoramento pelo Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, professora do Curso de Psicossomática do Instituto Sedes Sapientiae e autora dos livros L'hypocondrie du rêve et le silence des organes: une clinique psychanalytique du somatique (Villeneuve d’Ascq: Presses Universitaires du Septentrion, 1999), Corpo (Coleção "Clínica Psicanalítica". São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003) e Transtornos Alimentares: anorexia e bulimia (Coleção "Clínica Psicanalítica". São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006).
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